Portanto, trabalham com tradução de audiovisuais, estão a começar ou o vosso computador está a dar o berro. Muito simples: computador novo!
Menos simples: qual deles?
Computadores há muitos, e é difícil para uma pessoa leiga saber que especificações lhe deveriam interessar. Temos RAM, processadores, placas gráficas, placas de som, discos rígidos, sistemas operativos, resoluções…
Este artigo pretende ajudar tradutores de audiovisuais a saber o que procurar num computador, tendo em conta o que é mais importante para o nosso trabalho. Portanto, vamo-nos debruçar sobre os aspetos aos quais vale a pena prestar atenção.
RAM
RAM é a memória temporária de um computador e mede-se, no estado atual da tecnologia, em gigabytes. Sempre que um computador está a executar uma ou mais tarefas, uma parte desta memória é ocupada com informação temporária. Não se assustem com a noção de “temporária”. Sim, o que estiver em RAM perde-se ao desligar o computador. Não, o vosso ficheiro não está gravado na RAM. O que está lá gravado é a informação que diz ao computador: “Olha, este programa está aberto com este ficheiro. Podes aceder-lhe rapidamente a qualquer momento.”
Quanto mais RAM tiver um computador, mais tarefas consegue ter pendentes e mais tarefas pesadas consegue executar. O software usado pelos tradutores de audiovisuais não costuma ser muito exigente, portanto, a segunda parte não nos preocupa. Ainda que já haja poucos computadores abaixo disso, 4 GB seria o mínimo indicado. Não vai faltar, mas também não vai ser nenhum carapau de corrida, pelo que o recomendado, a pensar a longo prazo, é apostar nos 8 GB de RAM.
Processador
O processador (CPU) é o que define a quantidade de processos que o computador é capaz de executar em simultâneo. Quanto melhor o processador, com mais programas/processos aguenta.
Uma das marcas líderes de mercado em termos de processadores é a Intel. São necessários vários detalhes técnicos para conseguir explicar as equivalências entre processadores Intel e de outras marcas de relevo, como AMD, portanto fiquemo-nos pela marca líder, que já deverá dar imensas opções.
A maior parte dos portáteis tem processadores com nomes como “Intel® Core™ i7-1065G7 Quad Core”. De forma a simplificar, concentremo-nos no “i” que ali temos, i7. Este número diz-nos a série a que pertence este processador, indo (em números ímpares) de i3 a i9. Obviamente, quanto mais alto melhor.
Para o comum tradutor, recomenda-se o i5. Os i3 são processadores já um bocado ultrapassados. Os i7 são ótimos, mas o custo atual não justifica o benefício que traria para um tradutor. Daqui a uns anos, quiçá.
Disco Rígido
O disco rígido é o espaço de armazenamento de que o computador dispõe. O que a maior parte das pessoas não sabe é que esta memória também é usada para computação, daí o fenómeno tão conhecido de um computador cheio ficar mais lento.
Há dois tipos de disco rígido atualmente no mercado, HDD (Hard Disk Drive) e SSD (Solid State Drive). Desde já se recomenda SSD e passamos a explicar porquê.
A memória HDD é mais barata. Por menos de 70 euros compra-se um disco de 1 terabyte. Já o equivalente em SSD dificilmente sai a menos de 100. Mas é pelo preço que as vantagens da memória HDD se ficam. SSD tem duas vantagens esmagadoras sobre HDD.
A primeira é que se trata de um tipo de memória de acesso mais rápido (de relembrar que o disco também é usado para computação), portanto um computador com memória SSD será sempre mais rápido do que um igual com memória HDD.
A segunda, e para alguns a mais importante, é que a SSD, ao contrário de HDD, é um tipo de disco sem partes móveis. Isso significa que um disco HDD se avaria com muito mais facilidade do que um disco SSD.
Como cada vez mais o trabalho de tradução de audiovisuais é feito através de plataformas online, o espaço em disco torna-se menos relevante, pelo que um disco SSD de 256 ou 512 GB será bem mais do que suficiente.
Placa de vídeo e som
Não vale a pena alongar muito neste critério. Trabalhamos com vídeo, mas não em edição ou outras tarefas graficamente intensas. Como tal, à partida é uma especificidade que poderão ignorar, já que qualquer placa de vídeo e som será perfeitamente capaz de reproduzir os vídeos com que trabalhamos.
Polegadas/Resolução
É difícil, se não impossível, dar uma resposta que sirva para toda a gente. Antes de mais, vamos estabelecer a diferença entre polegadas e resolução, e a correlação entre eles:
Polegadas são o tamanho físico do ecrã. Este por norma oscila, em portáteis, entre as 15 e as 17 polegadas, medidas na diagonal, de um canto ao outro do ecrã.
Mas o tamanho não é tudo! Na verdade, sozinho significa muito pouco. O tamanho do ecrã trabalha em conjunto com a resolução com que é compatível.
A resolução é a quantidade de píxeis que o ecrã é capaz de exibir, e mede-se em largura por altura (por exemplo, 1920×1080 tem 1920 píxeis de largura por 1080 de altura). É este o critério que define a quantidade de coisas que se vê no ecrã.
Agora compliquemos:
Estes dois elementos trabalham em conjunto. Um ecrã maior não significa necessariamente que vá ter uma resolução mais alta. Como o tamanho é medido na diagonal, dois ecrãs com as mesmas polegadas, ao serem mais ou menos altos, resultaram em resoluções muito diferentes. Os dois podem até ter a mesma quantidade total de píxeis, ou perto, mas, se for uma resolução mais invulgar, é menos provável que os programas estejam adaptados para ela.
Um ecrã pequeno com uma resolução alta faz com que se veja tudo, mas pequeno. O oposto também se aplica, um ecrã grande com uma resolução baixa faz com que se veja pouco, mas enorme.
Mais uma vez, não há resposta que se adeque a toda a gente. Dada a oscilação pequena e o efeito que tem no tamanho do portátil, fica a critério de cada um e das suas necessidades. Já a resolução podemos recomendar 1920×1080 ou, à falta de, 1366×768. Como são as duas resoluções mais comuns no mercado, são as com mais probabilidade de serem compatíveis com a vasta maioria dos programas e plataformas com que trabalham.
Sistema Operativo
Windows. Porque Windows é o melhor sistema operativo? Não. Porque a maioria dos programas de legendagem foram criados com Windows em mente. Desculpa lá qualquer coisa, Mac.
Hardware
A máquina em si. No caso de portáteis, prestem atenção à configuração do teclado, se é confortável, se não tem teclas dispostas em sítios estranhos ou com formas invulgares. Outros pormenores do hardware a ter em conta são as saídas: confirmem se tem saída HDMI (a principal forma de ligar um portátil a uma televisão ou monitor) e quantas saídas USB tem. Se tiver só duas, enchem-se num instante, e ninguém quer desligar o rato para ligar uma pen.
Em suma, eis a nossa recomendação:
RAM | 8 GB |
Processador | i5 – i7 |
Disco rígido | SSD (mínimo de 256 GB) |
Placa de vídeo e som | Não se recomenda nenhuma em particular |
Polegadas | Ao gosto de cada um* |
Resolução | 1920×1080 ou 1366×768 |
Sistema operativo | Windows |
*Se realmente quiserem/precisarem de um ecrã bem grande, um monitor externo será sempre a opção mais adequada.
E são mais ou menos estes os critérios a ter em conta aquando da aquisição de um computador novo. Eles são meramente indicativos e foram escolhidos com base no uso que um computador tem em tradução de audiovisuais. Cada um sabe o uso que lhe dará e deve adaptá-lo às suas necessidades.
Joguem com o vosso orçamento, mas evitem o demasiado barato. O barato sai caro. Ou pior. Lento.