Rescaldo da 2.ª Reunião sobre Tradução Automática

Um ano depois, no dia 5 de junho, voltámos a reunir-nos com profissionais de TAV para falar sobre as condições apresentadas aos tradutores para a utilização de tradução automática aplicada à legendagem.

Mais uma vez sob o manto do anonimato, os participantes partilharam as suas experiências, valores praticados e realidades que estão a viver à medida que esta nova forma de traduzir e encarar a tradução continua a ganhar expressão. Durante o encontro, que se prolongou durante cerca de uma hora e meia, foi possível à ATAV apurar as seguintes conclusões:

  • Há tradutores que recusaram a descida de preços proposta por certas empresas (nomeadamente a Iyuno) e que, apesar de uma quebra temporária de trabalho, voltaram a receber propostas aos valores originais.
  • Há uma grande discrepância de valores praticados pela Iyuno-SDI que não se deve à aplicação de tradução automática, mas sim, aparentemente, a uma diferença de práticas entre os escritórios da antiga SDI que não aparentam ter sido uniformizadas (o escritório dos EUA pagava 3,50 dólares por minuto e o escritório da Polónia pagava 1,40 dólares por minuto, tendo estes valores sido mantidos após a fusão). À semelhança disso, as duas vertentes da empresa continuam a trabalhar com as suas ferramentas originais, resultando em experiências/relatos díspares.
  • Ainda que a tradução automática continue a ser usada para o português de Portugal, esta parece ter evoluído de forma positiva em termos de utilidade, começando assim a tornar-se uma mais-valia para o profissional.
  • Apesar desta eventual mais-valia, a maioria dos relatos indica que os valores praticados não foram reduzidos em função disso. Ainda que haja relatos de redução, esses parecem ser uma pequena parte da indústria e não uma norma mais dispersa.

A ATAV não tem forma de apurar se o seu apelo anterior terá sido um fator para esta decisão e, portanto, não exclui a possibilidade de esta preservação de valores se poder dever a uma coincidência e que a mesma ainda possa ocorrer. O facto é que tradução automática continua a ser uma tecnologia recente no ramo da tradução de audiovisuais e, devido a isso, ainda se encontra em desenvolvimento e sujeita a eventuais alterações mais drásticas.

A conversa acabou por evoluir para rendimentos anuais brutos e horários de trabalho, o que gerou alguma troca de partilhas sobre valores praticados. Falou-se também do futuro do mercado de TAV, tanto a nível nacional como internacional.

Em suma, a reunião cumpriu o seu objetivo de fazer um ponto de situação quanto à utilização de TA em projetos de legendagem, permitindo não só à ATAV como também aos presentes saber as práticas atuais e ainda os valores praticados e a sua discrepância. Através desta troca de experiências, esperamos que os profissionais se sintam menos isolados e possam usar este conhecimento para negociarem preços mais justos, sobretudo no caso daqueles que recebem menos de metade do que outros pelo mesmo serviço através do mesmo cliente. Esperamos ainda que esta informação seja útil para tradutores que venham a trabalhar com esses clientes de forma a saberem os preços praticados e não se sujeitarem a preços inferiores.

Aproveitamos para relembrar todos os profissionais de TAV, quer sejam associados ou não, de que qualquer informação que queiram partilhar connosco através do nosso email ou das redes sociais por vias privadas será bem recebida e usada em prol de todos, sendo o anonimato garantido.


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