Rescaldo da Media for All 10

Foi nos dias 6 e 7 de julho que profissionais e académicos de tradução para audiovisuais se reuniram na Universidade de Antuérpia para trocar ideias e experiências na conferência internacional Media for All 10.

O tema da edição deste ano, “Human agency in the age of technology”, marcou o passo das palestras que preencheram os dois dias, sendo temas como inteligência artificial e automatização temas recorrentes, explorados de variadas perspetivas. Discutiu-se frequentemente o papel do tradutor não só numa nova era de ferramentas de tradução de legendagem, como do estado atual do mercado e as alterações que sofreu no rescaldo da pandemia, sobretudo no mundo do streaming, sendo comum a opinião de que tradutores devem procurar adaptar-se à nova realidade e ferramentas ao seu dispor, ao mesmo tempo que procuram expandir o seu leque de competências e especializações para se manterem competitivos.

Apesar deste tema central, a acessibilidade, sobretudo sob a forma de audiodescrição, continuou a ser uma presença de peso, representada por nomes já conhecidos como Pablo Romero-Fresco, que exibiu o seu documentário Where Memory Ends.

O primeiro dia da Media for All 10 arrancou com o primeiro keynote speaker, Joss Moorkens, que abriu a conferência com uma palestra dedicada à atual interação, voluntária ou não, entre o profissional da tradução para audiovisuais e os algoritmos que regem o mundo moderno.

Dentre as mais de 30 palestras, destacamos a presença das investigadoras Sara Ramos Pinto, Susana Valdez, Cláudia Martins, Catarina Xavier, nossas associadas, e Katrin Pieper, da Universidade de Coimbra.

Cláudia Martins, Susana Valdez, Sara Ramos Pinto e Catarina Xavier, em colaboração com Malena Monteiro, Mariana Martins e Marta Morgado, que não puderam marcar presença, apresentaram os primeiros resultados da sua análise do atual ponto de situação da acessibilidade na RTP.

Cláudia Martins durante a apresentação da sua palestra na Media for All 10.
Cláudia Martins (foto cortesia de Susana Valdez)

No segundo dia, a segunda keynote speaker, Kate Dangerfield apresentou o seu ensaio em formato vídeo, explorando a noção de acesso no processo investigativo, provocando o seu público a repensar a dinâmica atual.

Susana Valdez (Universidade de Leiden), em colaboração com Valentina Ragni (Universidade de Bristol) e Bei Hu (Universidade de Singapura), apresentaram também os primeiros resultados do seu estudo internacional comparativo sobre confiança em legendas em comunicações sobre saúde e alterações climáticas.

Por fim, salientamos também a palestra de Katrin Pieper sobre o seu estudo dedicado à forma que assumia a censura cinematográfica, com grande destaque na forma como se abordava a legendagem, imposta pelo Estado Novo.

Katrin Pieper durante a apresentação da sua palestra na Media for All 10.
Katrin Pieper (foto cortesia de Susana Valdez)

Na sessão de encerramento, foi confirmada a localização e tema da próxima edição da Media for All, a decorrer em 2025: “Media Accessibility in the Age of Diversity”, que será hospedada pela Universidade de Hong Kong.



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